O Triângulo Mineiro tem o quarto maior potencial de geração de energia eólica entre as regiões de Minas Gerais. É o que aponta o Atlas Eólico Mineiro, encomendado pela Cemig. Segundo o estudo, a região triangulina possui outras vantagens que poderão eventualmente viabilizar a implantação de aproveitamentos eólicos – o vento como fonte de energia. De acordo com a consultoria Camargo Schubert, que realizou a pesquisa sobre as correntes de ventos no Estado, pelo fato de o relevo do Triângulo Mineiro ser relativamente pouco montanhoso se comparado às formações típicas mineiras, a topografia poderá facilitar a montagem de turbinas e os custos de acesso. Além disso, a região está interligada ao Sistema Elétrico Nacional. Não há no estudo, porém, um apontamento sobre quais as cidades do Triângulo são mais promissoras.
Com investimento de R$ 2 milhões da Cemig, o estudo indica um potencial de geração de energia em Minas Gerais de até 40GW em medições feitas à altura de 100 metros do solo. A capacidade estimada pelo mapeamento em Minas é 3,5 vezes maior do que a da usina hidrelétrica de Belo Monte, que deve ser construída no Pará, com uma capacidade total instalada de 11,2 GW e 2,7 vezes maior do que a de Itaipu.
A identificação do Triângulo como potencial fonte geradora de energia eólica acontece num momento em que foi confirmado para a região a chegada do gás natural por meio de uma extensão do gasoduto Bolívia-Brasil.
Demais regiões
À frente do Triângulo, a maior capacidade de geração de energia limpa no Estado está na região Norte, ao longo da Serra do Espinhaço e do vale do rio Verde, nas microrregiões de Janaúba e Grão Mogol. O local apontado como sendo o segundo mais promissor para gerar energia eólica é nas imediações de Montes Claros, onde o relevo é relativamente mais suave, destacando-se a porção de chapada do rio São Francisco, nos municípios de Coração de Jesus, São João da Lagoa e Brasília de Minas.
A terceira área situa-se entre os municípios de Curvelo, Diamantina e Sete Lagoas, sendo que os locais mais promissores para aproveitamentos eólicos situam-se nas proximidades de algumas Unidades de Conservação (APA Municipal Serra Talhada, APA Municipal Barão e Capivara, Parque Federal Sempre Vivas, APA Serra do Cabral), nas elevações e também nas depressões a oeste da serra do Cipó.
Energia eólica é mais barata e viável que gás natural, diz professor da ufu
Enquanto Uberlândia reivindica o direito de receber uma extensão do gasoduto Bolívia-Brasil, que já está confirmado chegar até Uberaba para atender à demanda da fábrica de amônia anunciada pela Petrobras, o professor do Instituto de Geografia da Universidade Federal de Uberlândia Élisson Prieto defende a tese de que a matriz energética do gás natural deveria ser substituída pela energia eólica. “Há um custo muito grande para a implantação e manutenção destes dutos e o gás natural é uma energia não-renovável”, afirmou. Ele cita o estudo do mapeamento eólico de Minas Gerais para exemplificar o potencial de geração de energia com a captação dos ventos com hélices. “Há um enorme potencial inexplorado. Na UFU, começou a implantação de geradores de energia eólica. Vai ser usado aqui no campus Santa Mônica e no Glória para mover o sistema de automação das salas”, afirmou.
O presidente da Companhia de Gás de Minas Gerais (Gasmig), Fuad Noman, que também acumula a função de diretor da área de gás da Cemig, afirmou que a empresa está fazendo investimentos na geração de energia eólica, mas a demanda dos consumidores é maior do que a oferta e ainda é necessária a utilização de matrizes energéticas não-renováveis, como o gás natural. “A energia renovável sempre é melhor e mais limpa, mas se formos fornecer energia só renovável, não vai dar para todo mundo. Entre os combustíveis fósseis, o gás natural é o menos poluente”, disse.
Pioneirismo
A Cemig foi a primeira empresa do país a operar usinas eólicas, com a construção da Usina Morro do Camelinho, na cidade mineira de Gouveia, em 1994. Essa usina foi a primeira também a fornecer energia eólica para o sistema elétrico nacional e tem quatro geradores eólicos com 250 kw de potência em cada. Atualmente, funciona parcialmente com três máquinas.
Em 2009, a Cemig, em parceria com a empresa Impsa, líder latino-americana em energias renováveis, investiu na aquisição de três parques eólicos no Ceará com capacidade instalada de 99,6 mw. Em agosto, foi inaugurado o primeiro deles – o Parque Eólico de Praias de Parajuru – no município de Beberibe, com extensão de 325 hectares e 19 aerogeradores, totalizando 28,5 MW de potência instalada.
Opinião
“Toda indústria que utiliza energia de caldeira, lenha, diesel ou outro tipo de energia verá que o gás natural é competitivo. Quando tiver o gasoduto aqui, as indústrias vão analisar essa operação”
Paulo Sérgio Ferreira – Secretário Municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo de Uberlândia
“O Brasil vai dobrar o oferta de gás nos próximos dez anos. Vai se fazer necessária uma distribuição melhor para gerar desenvolvimento, energia constante, regulável e com garantia de abastecimento”
Rogério Nery – Presidente da Associação Comercial e Industrial de Uberlândia (Aciub)
“Ainda não dá para saber o preço com que o gás vai chegar aqui. Mas é uma energia mais barata e viável a longo prazo. O gás é 50% mais barato do que o custo do kw/h de qualquer outra matriz energética”
Pedro Lacerda – Presidente regional da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg)