Na atividade inicial do I Encontro Formativo Integrado de Educação Ambiental para a Gestão de Águas, que aconteceu no hotel Dall’Onder, em Bento Gonçalves, Rio Grande do Sul, de 02 a 05 de outubro de 2011, Suraya Modaelli, diretora técnica do DAEE-SP e presidente da Câmara Técnica de Educação, Capacitação, Mobilização Social e Informação em Recursos Hídricos do Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CTEM/CNRH), moderou a falas de Lupércio Antônio Ziroldo, coordenador do Fórum Nacional de Comitês de Bacias Hidrográficas (FNCBH), Carlos Frederico Loureiro, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e Luiz Antônio Ferraro Júnior, professor da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) e diretor de Educação Ambiental da Secretaria de Meio Ambiente da Bahia (SEMA-BA). Também compôs a mesa Gabriela Freitas, coordenadora de Educação Ambiental da Secretaria de Estado de Meio Ambiente do Rio Grande do Sul (SEMA-RS), que cuidou das articulações para a realização do evento no Estado e deu as boas vindas aos participantes. Os representantes do SINGREH contextualizaram o público com alguns dados e desafios da educação para a gestão hídrica no país.
Lupércio Ziroldo, que acompanha a questão de recursos hídricos há 30 anos, afirmou que os pontos prioritários para o avanço da gestão das águas, em sua avaliação, são a pesquisa, a comunicação e a educação, temas centrais do encontro em curso. “Ter informação qualificada, precisa e de forma eficiente é o grande desafio atual do sistema de gestão de águas”. Afirmou ainda que a Educação Ambiental precisa ser desenvolvida de forma continuada. “A educação ambiental é o elemento de estímulo à reflexão, é o que busca envolver as pessoas no que está sendo feito para a gestão ambiental, busca fazê-las reconhecer que as ações pelo meio ambiente geram efeito real. Se no futuro tivermos uma pesquisa qualificada, uma comunicação precisa e eficiente, e uma educação ambiental efetiva, teremos água de qualidade para a população”, disse o gestor.
Equipe técnica da ABHA
Bia Montes assessora de Comunicação da ABHA e Pedro Paulo Silva analista ambiental participaram do evento representado, respectivamente o CBH Araguari e o CBH AMAP, juntamento com o sr. Antônio Geraldo eleito novo presidente do PN1.
O I Encontro Formativo forneceu várias ideias para que o planos de ações voltadas para a Educação Ambiental seja implantado, tanto na Bacio do Rio Araguari quanto na Bacio do Rio Paranáiba. – Ressaltou a equipe.
Educadores ambientais falam sobre o campo de estudo e ação nos dias de hoje
O professor Frederico Loureiro, trouxe à mesa inicial do Encontro Formativo alguns dados para contextualizar a Educação Ambiental no Brasil. “Uma tendência nada agradável é o esvaziamento da institucionalidade pública ambiental para atender a demanda por reprimarização da economia na América Latina. Isso implica no aumento da demanda por água. Por outro lado, há o avanço dos trabalhos em comitês, conselhos e em espaços de diálogo, o que tem conseguido tensionar o processo e obter ganhos na dimensão publica”.
Loureiro ressaltou também a importância de criar e fortalecer os instrumentos de avaliação das políticas sociais e ambientais brasileiras: “No Brasil não se faz processo de avaliação dos projetos que são executados no âmbito da gestão ambiental. É preciso definir indicadores para dar respostas públicas sobre o que está sendo feito e investido. Temos que ter elementos para mostrar para sociedade que vale tanto a pena investir em educação ambiental quanto no projeto de um posto de saúde”, afirmou o professor.
Em sua fala sobre Educação Ambiental, o professor Luiz Ferraro Jr, e gestor da SEMA-BA, mencionou o descompasso das visões sobre a Educação Ambiental como campo de estudos, mas também de ação política: “Estamos em um momento em que o avanço dos processos nos permite viver um encontro como este, a reunião de 200 pessoas interessadas em discutir educação ambiental. Mas existe um descompasso entre o que discutimos, que não é nada trivial, e a expectativa do público, que espera que façamos oficinas de reciclagem”. Sobre os desafios da representação nos colegiados de recursos hídricos, Ferraro defende que cada um assuma o papel de comunicar e circular informações para democratizar processos e que é necessário ampliar a capacidade de interpretação sobre os instrumentos para a gestão das águas. Ele ressaltou a importância da ampliação do campo educativo e da articulação com outras frentes: “A educação ambiental precisa dialogar com outras lutas, e evitar qualquer forma de separação em guetos”. E concluiu enfaticamente: “O que está em risco não é a natureza, é o humano em nós, a alma, num sentido não religioso”.
Ciranda simboliza a integração dos participantes
Após a mesa, os participantes se organizaram em grupos tendo por referência as doze Regiões Hidrográficas brasileiras, trocando impressões e elementos culturais identitários das territorialidades hídricas em que estão inseridos. Cada grupo estabeleceu uma forma de representação regional que foi apresentada por meio de música e poesia. O primeiro dia do Encontro Formativo terminou com uma grande ciranda que simbolizou o seu viés integrador de povos e culturas a partir do elemento água.