Começa nesta segunda-feira (12) em Marselha, na França, o 6º Fórum Mundial da Água, que tenterá esboçar melhores métodos de compartilhas os recursos de água potável para 800 milhões de pessoas no mundo que ainda não têm acesso a ela.
O objetivo da reunião trienal, que acontecerá até 17 de março, é drenar um largo afluente internacional, “a fim de servir como uma caixa de ressonância para promover a causa da água na agenda dos líderes mundiais”, disse Guy Fradin, vice-presidente do Fórum e governador do Conselho Mundial da Água, instituição organizadora composta por 400 membros, públicos e privados.
Aproximadamente 20 mil participantes de 140 países são esperados. Para a abertura do evento uma dezena de chefes de Estado e Governo, entre eles Mohammed VI (Marrocos), Idriss Deby (Tchad), o presidente da Autoridade palestina Mahmud Abbas e o da Comissão Europeia José Manuel Barroso, já estão confirmados.
“O Fórum quer pressionar os governos para que falem sobre a água entre eles, porque é um assunto pouco discutido nas reuniões dos órgãos da ONU”, explicou Gerard Payen, conselheiro para a Água do secretariado geral das Nações Unidas.
Má distribuição – Existe urgência para o tema. Segundo um relatório do OCDE publicado na quinta-feira (8), é “primordial a utilização racional da água, da mesma forma que tarifá-la de maneira a desencorajar o desperdício” diante do aumento de 55% da demanda de água no mundo até 2050 com o crescimento da população e o aumento da urbanização.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância), no final de 2010, 89% da população mundial, 6,1 bilhões de pessoas, tiveram acesso a fontes melhoradas de água potável, superando o Objetivo de Desenvolvimento do Milênio (88%) fixado para 2015. No entanto, 2,6 bilhões de pessoas ainda não têm acesso a saneamento básico.
Polêmica – Enquanto os fóruns anteriores concentraram-se sobre os problemas, este promete soluções concretas. Em 2009, o Fórum de Istambul não conseguiu incluir em sua declaração final a noção de “direito” ao acesso à água potável e saneamento. Depois disso, foi reconhecido em 2010 pela ONU. Objeto constante de discórdia: a questão da partilha da água é um assunto de soberania dos Estados, enquanto que 15% dos países dependem em 50% da água vinda do exterior.
“Este ponto será fortemente apoiado pela França, mas é um assunto difícil para muitos países”, disse Fradin. “Vamos ver o que podemos conseguir, é necessário avançar nos mecanismos de gestão coletiva”.
Com ceticismo, uma centena de ONGs irá realizar um “Fórum Alternativo” no dia 14 com 2 mil representantes da sociedade civil vindos da Espanha, Alemanha, EUA, América do Sul e África.
Eles acusam o Conselho da Água de “ser o porta-voz das empresas multinacionais e do Banco Mundial”, e exigem uma gestão pública, ecológica e cidadã da água e uma distribuição equitativa.
“Estamos abrindo um local de debate onde nada é tabu, aberto a todos”, assegura Fradin, indicando que 1 milhão de euros foram gastos com o financiamento da participação de ONGs (dos cerca de 30,5 milhões de euros do orçamento do Fórum).
Os debates do Fórum vão girar em torno de uma dúzia de prioridades de ações sobre a gestão, uso equilibrado da água, melhoramento da qualidade dos recursos com a preocupação constante de uma boa governança. (Fonte: G1)